Descontos irregulares geram 480 mil reclamações ao INSS
Aplicativo Meu INSS registra instabilidade após aposentados denunciarem cobranças não autorizadas que somam R$ 6,9 bilhões

Cerca de 480 mil aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) acionaram o órgão nesta quarta-feira (14) para denunciar descontos indevidos aplicados aos seus benefícios. A enxurrada de queixas marca o primeiro dia de notificações formais via aplicativo Meu INSS, após a revelação de um esquema de fraude bilionária envolvendo entidades associativas.
Segundo o INSS, os valores desviados desde 2019 chegam a R$ 6,9 bilhões. O dinheiro foi destinado a 41 associações que, segundo os beneficiários, não foram por eles autorizadas. A Polícia Federal e a CGU (Controladoria-Geral da União) investigam o caso, que já provocou a queda do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.
“As pessoas devem ter calma. Não há prazo para encerrar os pedidos”, disse o novo presidente do INSS, Gilberto Waller, em entrevista coletiva.
Instabilidade nos sistemas:
A alta demanda no primeiro dia de registro gerou congestionamento na central telefônica 135 e instabilidade no aplicativo Meu INSS, que chegou a apresentar falhas de acesso durante a manhã e o início da tarde.
Usuários relataram dificuldade para concluir os pedidos de revisão e reclamação dos descontos indevidos. O instituto, no entanto, afirmou que o sistema será ampliado para atender a todos os segurados.
Waller prometeu ainda uma “busca ativa” por vítimas da fraude. “Ninguém será deixado para trás”, disse.
Como identificar cobranças indevidas:
O INSS orienta que os aposentados e pensionistas confiram o extrato de pagamento mensal no aplicativo Meu INSS ou no site meu.inss.gov.br. No campo “Extrato de Pagamento de Benefício”, o usuário pode verificar se há algum desconto referente a entidade associativa.
Caso o segurado não reconheça a cobrança, deve acessar a seção “Reclamar de desconto não autorizado” e formalizar a queixa.
Investigações continuam
O escândalo, considerado um dos maiores esquemas de fraude previdenciária dos últimos anos, segue em apuração. De acordo com a CGU, os descontos foram realizados por meio de autorizações fictícias, muitas vezes inseridas no sistema sem conhecimento dos segurados.
Entre os investigados estão dirigentes de associações, servidores públicos e empresas terceirizadas com acesso ao sistema de convênios da Previdência.
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