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O futsal tem dessas coisas: em quadra, a bola corre rápida, mas fora dela o tempo parece se curvar diante da paixão. Em Matelândia, desde 29 de março, o relógio dos torcedores marca uma contagem especial: são quase cinco meses sem sentir o gosto amargo de uma derrota. O ADEMA Futsal, que renasceu em 2024 como um sonho ousado, hoje é a sensação da Série Bronze do Campeonato Paranaense.

A estreia na competição, é verdade, trouxe um tropeço. Mas foi só. De lá para cá, foram sete vitórias em sete jogos na primeira fase, uma liderança incontestável no Grupo H, e agora, na segunda fase, já são cinco vitórias e dois empates em sete partidas. O time não sabe o que é perder quando a bola rola no Ginásio Chico Neto, o “Olivão” como é carinhosamente conhecido, transformado em fortaleza de vozes, tambores e bandeiras.

Um projeto que é mais que futsal

Para entender a dimensão do que se vive em Matelândia, é preciso ouvir quem carrega a responsabilidade do projeto. O presidente do clube, Gabriel Batistella, fala com a serenidade de quem acredita em algo maior que o placar.

“O objetivo principal é subir para a Série Prata, mas principalmente consolidar a marca ADEMA como uma ideologia, uma ideia na cidade. Queremos que as pessoas comprem essa ideia, que saibam que a ADEMA não é um projeto só pra um ano. Nosso projeto quer revelar jogadores, trabalhar muito nas categorias de base”.

Fundada em 2012, a Associação dos Esportistas de Matelândia – ADEMA, chegou a encerrar as atividades em 2019. Mas a reativação, no ano passado, quitando dívidas e recuperando a credibilidade, foi o primeiro passo de um renascimento que hoje mobiliza toda uma comunidade.

Dentro de quadra, suor e confiança

O elenco reúne nomes conhecidos na região, como Gabriel Osvaldo, o Osvaldinho, e Cleverson Brum, o Cleve, além do destaque Lucas Gomes, artilheiro com 14 gols na temporada. Mas o segredo não está apenas nos nomes, e sim no espírito coletivo.

Nas palavras de Osvaldinho, fica claro que há algo diferente acontecendo. 

“Mesmo sendo um projeto recente, contamos com uma estrutura exemplar e um grande suporte. A comissão técnica e a diretoria tratam os treinamentos, jogos e eventos com seriedade e profissionalismo, o que contribui diretamente para o desempenho de todos dentro de quadra. Jogar no Olivão traz um sentimento de vantagem, mas o que faz toda a diferença é o apoio da torcida. Essa energia única motiva todos nós a dar o nosso melhor”.

O Olivão é, de fato, um personagem à parte. Ali, cada grito ecoa como combustível. Ali, o ingresso de dez reais vale mais do que o preço: é uma senha para viver a emoção de ver um time escrever história.

O coração que vem da arquibancada

Se o futsal é paixão, ninguém melhor para descrevê-la do que a própria torcida. Maikon Helson Oro, acompanhado da esposa Maiara e dos filhos Gabrielly, Pedro e Emanuelly, é daqueles que carregam o ADEMA no coração.

“Acompanho o futsal de Matelândia desde os tempos do Lândia, lá em 2005, quando fomos campeões da Segunda Divisão. De lá pra cá, a gente não parou. O Adema é motivo de orgulho. Essa campanha está sendo excelente, nosso time vem crescendo a cada rodada e acreditamos, sim, que podemos chegar na Série Prata. Esperamos ser campeões, com o mesmo empenho e dedicação”.

São famílias como a de Maikon que transformam arquibancadas em templos. São vozes que lembram ao time, a cada jogo, que não se trata apenas de futsal, mas de identidade, pertencimento e amor.

Mais que uma invencibilidade

Hoje, a ADEMA é mais que um clube em boa fase. É um movimento, uma ideia viva, um projeto que une gerações. Nas vitórias empilhadas, na invencibilidade que já dura quase cinco meses, no suor dos atletas e no orgulho dos torcedores, nasce a certeza de que o futsal pode ser maior do que qualquer derrota que já ficou no passado.

O futuro ainda reserva três rodadas na segunda fase, mas em Matelândia não há espaço para dúvidas: seja qual for o desfecho, o ADEMA já conquistou algo que não cabe em estatísticas — o coração da sua cidade.

Coluna escrita por: Diego Back - Jornalista.  Clique aqui!

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